
Parado naquela avenida, com uma infinidade de faróis e buzinas a minha frente, em um trânsito cada vez mais caótico de nossa capital, por breves segundos não tive pena de mim e nem do meu compromisso a qual eu me dirigia. Tive pena do outdoor, ao lado. Magra demais, quase esquálida, a modelo esboçava tranquilidade, deitada, repousava.
"Quêquéisso...", pensei.
Senti fome quase de imediato ao ver aquilo. Depois sede. Já a pena veio depois, assim que o trânsito fluia, lentamente. Olhei pela última vez em direção a janela, quase me despedindo e sentido pena porque seus ossos continuarão tentando preencher inutilmente aquele biquíni, vendendo um
imaginário irreal para milhares de complexas mulheres.